quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Homem-Sol



Homem-Sol-Acrílico sobre madeira-15,5 x 30,0 cm

Daqui de onde estou, do alto de mais uma construção pelo Brasil afora, eu posso ver as cores da minha infância refletidas na sua intensa luz como em um filme reproduzido por um velho projetor: a manteiga de cacau, a macaxeira, o chapéu de couro, o trabalho duro na lavoura, os dias escaldantes com o seu calor queimando a pele e a nossa cabeça, impondo-nos todos os dias, quem seria o astro-rei dono da maior parte do nosso tempo naquele imenso sertão de meu Deus. Vejo o afago de uma mãe calejada com a fome, de um pai cabra-macho com o facão e a enxada, lutando com a ilusão de que dias melhores virão e vendo os filhos partirem para a cidade grande para conseguir um norte ou a morte certa, a riqueza se desse sorte ou, mais bocas para ajudar a sustentar quando ele voltasse para casa. Mesmo com todas essas dificuldades, peço a Deus forças para lutar e acordar de manhã e puder vê-lo resplandecer na minha retina, você faz-me lembrar dos dias mais felizes de minha existência,apesar do ardor de seus raios e, continue comigo sempre, irmão Sol,até o fechar das minhas pálpebras cansadas.